Já paravam de nos obrigar a ler livros

A passada semana foi bastante ocupada, tal como vos disse, mas já chegou ao fim e, como tal, estou finalmente disponível para me dedicar a todos os meus projetos, sendo um deles o blog. No entanto, provavelmente sabem que a escola está aí mesmo à porta, e escola é significado de menos tempo para... bem, tudo. Não só não basta a escola ocupar a maior parte do nosso tempo com aulas, trabalhos de casa, de grupo e testes, como ainda nos querem obrigar a ler um livro inteiro para a aula de Português. É disso que vos venho hoje falar.

Estou no 12º ano, como tal, o livro que iremos ler este ano foi escrito por José Saramago e é intitulado O Ano da Morte de Ricardo Reis. Escusado será dizer que não tenho vontade nenhuma de o ler. Não porque ache que o livro é péssimo, mas porque só o simples facto de me obrigarem a ler um livro cria dentro de mim uma sensação de repulsa para com ele. Já no ano passado não li Os Maias e, teoricamente, era suposto. Não me interpretem mal, eu gostei de dar a obra e acho a história interessante, mas não me obrigam a ler 700 páginas.
Amo ler, desde que me lembro que amo, mas sempre o fiz de forma lenta. Por isso podem dar-me um livro de 400 páginas que, com sorte, num mês está lido. É um pouco mau, mas há muito mais coisas que gosto de fazer e, como tal, a leitura costuma ficar um pouco de lado.
Então agora imaginem-me a mim, que adoro ler, a não o conseguir fazer quando sou obrigada pela escola. Agora imaginem as pessoas que não gostam de ler. Se para mim já é mau, então não será muito pior para elas? Talvez sim, talvez não. Porque sejamos sinceros, poucos são os que lêem as obras que estão estipuladas no programa. E porquê? Exatamente porque nos obrigam!
Isto só mostra o quão falhada esta tentativa de incentivar os alunos à leitura é. Pensemos um pouco no porquê. As obras que nos colocam à frente para lermos não são, de todo, algo que leríamos por escolha. Falo pelo menos por mim. Podem ser ótimas obras, mas não algo que iríamos decidir ler nos nossos tempos livres porque, apesar da grande influência que possam ter tido na sua época, não são algo que nos chame a atenção. Como tal, os alunos que não gostam de ler acabam por não ler as obras e grande parte dos que gostam também não o fazem. 

Para quem gosta de ler, isto é algo que acaba por ter más repercussões, porque temos de interromper as nossas leituras (as que de facto queremos fazer), para ler algo que não nos interessa. Mesmo que aconteça o que me aconteceu no ano passado, em que acabei por ler apenas uns três capítulos d'Os Maias, mas, por isso, interrompi tudo o que estava a ler no momento. Isto porque fico com aquele peso na consciência que me persegue e diz "devias ler aquilo". Assim sendo, não só não o leio como adio todas as minhas leituras.
No entanto, o pior não é isso! O pior é para quem não gosta de ler. Alguma vez pensaram que as pessoas que não gostam de ler, não gostam exatamente porque sempre que tiveram contacto com algum livro foram obrigadas a fazê-lo, e com livros sem o mínimo interesse para eles? Ler tem de ser uma atividade divertida como todas as outras. As pessoas têm de ler por gosto, não obrigação. Mas, se sempre que tiveram de ler algo foi porque a escola decidiu que eles o deviam fazer, é mais do que normal que se ganhe aversão a tal atividade. Isto porque podemos concordar que grande parte dos livros que lemos na escola não nos agradam.
Por outro lado, eu percebo porque a escola faz isto. Ler é bom, toda a gente o deveria fazer. Afinal, ler é mergulhar num novo e desconhecido mundo cheio de coisas para oferecer e personagens para conhecer. Locais para explorar. Ler é uma atividade relaxante para escapar à realidade. 

No entanto, talvez devessem repensar a forma como querem incutir leitura na vida dos vossos alunos porque, a meu ver, aquilo que estão a fazer só os está a afastar mais e mais desse vosso objetivo. Isto porque acredito que muitas das pessoas que não gostam de ler não o fazem por culpa da escola. É verdade. Se todas as experiências que tiverem com determinada atividade forem más, é normal que não a queiram exercer, certo? Por sorte, tornei-me apaixonada por leitura antes que isso me pudesse acontecer. Se não, quem sabe, provavelmente nem tocaria em livros hoje em dia.

Como tal, acho que está na altura do nosso ensino mudar os métodos utilizados para fazer com que alunos gostem de ler, porque assim não vão longe, com muita pena minha, acreditem. Ler é fantástico e gostaria muito que mais pessoas soubessem disso. 

Por hoje é tudo, minna!
Espero que tenham gostado! Até ao próximo post~